Os celulares oferecem um mundo de informações sobre seus donos. As antenas das operadoras localizam os aparelhos com facilidade. As ligações – feitas e recebidas – revelam detalhes sobre a rede de relacionamentos dos usuários. O surpreendente é que, com base nesses dados elementares, Sandy Pentland, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), criou um sistema que consegue prever o comportamento futuro das pessoas. Para batizar a invenção, desenvolvida ao longo de dez anos, Pentland cunhou o termo reality mining (exploração da realidade).
O sistema foi testado durante nove meses com 100 alunos e professores do MIT. A partir de estatísticas e parâmetros como a localização, a distância entre os aparelhos e a freqüência da comunicação, Pentland descobriu o local em que os integrantes de alguns grupos fariam as próximas reuniões. Determinou com antecedência o dia em que ocorreriam esses encontros. "Também inferimos, com 95% de acerto, se o tipo de relação existente entre duas pessoas era de amizade ou profissional", disse Pentland.
Há vários usos para o sistema criado pelo professor do MIT. A propaganda é um deles. Conhecer o comportamento das pessoas – e com antecedência – é tudo o que as agências de publicidade querem. Mas existem outras aplicações. A saúde, por exemplo. O método de Pentland está sendo empregado por pesquisadores do Instituto Santa Fé, no Novo México, para mapear e entender o avanço da síndrome respiratória aguda grave, a sars. Nesse caso, analisa-se o deslocamento dos donos de telefones móveis para compreender o mecanismo de disseminação da epidemia. Pentland observa que o potencial do reality mining mal começou a ser explorado. Recursos como GPS e sensores de movimento, presentes nos novos aparelhos, fornecem um maior número de dados sobre seus usuários e, conseqüentemente, vão ampliar o potencial da descoberta. Faz sentido.
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